INOVA BERRINI

Bicicletas podem salvar vidas no pós-pandemia

França, Inglaterra, Itália, Espanha, Alemanha apostam nas bicicletas como meio de transporte pós-coronavírus

Após entrar numa fase de relaxamento das medidas de isolamento social, vários países da Europa preveem uma maior adesão às bicicletas para se evitar as aglomerações nos transportes públicos das grandes cidades.
Na França, por exemplo, o governo decidiu criar um fundo de 20 milhões de euros do qual sairá uma ajuda de 50 euros por pessoa, o equivalente a R$ 290, para quem precisar de reparos de freios, pneus e luzes em suas bicicletas. Na prática, o governo está pagando para os franceses usarem suas bicicletas.

França oferece subsídio para incentivar a utilização das bicicletas como meio de transporte

A instalação de ciclofaixas temporárias adicionais e oferta de locais de estacionamento de bicicletas também são medidas adotadas nas capitais da Europa para incentivar as pessoas a pedalarem mais. As ruas de Londres têm passado por essa transformação, com a ampliação de calçadas e a demarcação de novas ciclovias. Em cidades da Alemanha foram criadas ciclovias adicionais para permitir o maior fluxo de usuários e garantir o distanciamento.

“Essa deve ser uma nova era de ouro para o ciclismo” (Bóris Johnson, primeiro Ministro Britânico)

Para ser utilizada como meio de transporte ou destinado a quem busca um melhor condicionamento físico, a procura por bicicletas também cresceu em São Paulo e outras capitais do Brasil em meio à pandemia do coronavírus. A cidade de São Paulo possui 504,0 km de vias com tratamento cicloviário permanente, sendo 473,7km de Ciclovias/Ciclofaixas e 30,3 km de Ciclorrotas, segundo fontes da CET (veja o mapa completo aqui).

A Prefeitura de São Paulo e a Uber firmaram acordo para trazer de volta 117 Km da Ciclofaixa de Lazer na cidade aos domingos e feriados. Nesse momento de abertura gradual das atividades serão oferecidas condições seguras tanto de mobilidade quanto de lazer. “A bicicleta é o modal mais seguro para evitar a disseminação da Covid-19.”afirma Édson Caram, secretário municipal de Mobilidade e Transportes.

A Uber vai investir R$ 11,5 milhões para cuidar das ciclofaixas

“A expectativa da Uber é que a ciclofaixa possa ir além do papel que tinha até então e se transforme na porta de entrada do paulistano para novas formas de mobilidade”, explica Claudia Woods, diretora geral da Uber no Brasil.

E a Berrini, como fica?

O eixo Berrini-Funchal-Faria Lima conta com a ciclovia permanente no canteiro central e conecta as avenidas que possuem em seu entorno diversas torres e prédios corporativos. Até o começo do ano contava com um grande fluxo de usuários em suas bicicletas, próprias ou compartilhadas, e patinetes elétricos para locomover-se até estações de trem, metrô e terminais de ônibus. Entretanto fica evidente que o bairro poderia comportar mais ciclovias, ciclofaixas e ciclorrotas (ver o glossário ao final da matéria) para atender quem mora ou trabalha na região.

Rua Quintana aos domingos: corridas ao ar-livre e passeios de bicicleta

Sem alternativas para quem vai de bicicleta da Berrini à av. Santo Amaro, os usuários arriscam-se em meio aos carros e ônibus.”A rua Michigan seria uma excelente alternativa para ciclovia pois tem pouco fluxo de carros e muito de pedestres que chegam ao bairro pelo metrô Campo Belo, além de não ter comércio para reclamar da perda de vagas de estacionamento.”, comenta Rodrigo Conde do Movimento Amigos da Berrini .

Ciclista trafega em meio aos veículos na rua Nova York

O fotógrafo Carlos Alkmin mora e trabalha na região e é um entusiasta do uso da bicicleta como meio de transporte e passeio. “A Berrini pelo que sei é um dos poucos casos na cidade que tem a ciclovia correndo paralela à faixa exclusiva de ônibus e há pontos perigosos como nos cruzamentos com a Bandeirantes e começo da r. Funchal. “. A ciclovia acaba repentinamente no trecho da av. Chucri Zaidan até os Shoppings Morumbi e Market Place, justamente num trecho onde tem surgido os maiores lançamentos corporativos da capital, como Parque da Cidade. “Como não há ciclovia permanente neste trecho em diante e um afunilamento no antigo trecho da rua José Guerra, precisaria haver segregação de uma faixa exclusiva para bicicletas. Faria sentido pois contemplaria o Parque Burle Marx e a própria ciclovia oeste do Rio Pinheiros.” , complementa Carlos.

A Organização Mundial da Saúde orienta as pessoas a andarem de bicicleta ou caminhar nos deslocamentos curtos: isso fornece distanciamento físico, ajudando a atender ao requisito mínimo de atividade física diária, que pode ser mais difícil devido ao aumento do teletrabalho e ao acesso limitado ao esporte e outras atividades recreativas.

Ciclovia no canteiro central da Berrini: estreita, pouco sinalizada e com pontos perigosos para ciclistas

Devemos aproveitar este momento para mudar nossos hábitos e reinvidicar condições seguras nas ruas e calçadas para pedestres e ciclistas. “Já perdemos bastante com a retirada dos patinetes e das bicicletas amarelinhas da Yellow. Queremos uma ciclofaixa que funcione durante a semana com boa qualidade. É disso que os empresas da região precisam.”, afirma Sergio Lucon, presidente do Conseg Brooklin.

Cenas de um passeio ciclístico em Sampa:

por: Carlos Alkmin

Ciclista na Faria Lima: versatilidade no “porta-malas” da bike
Fachada do Shopping Parque da Cidade, na av. Cecilia Lothenberg
Pedal noturno pela Berrini
Ciclovia da Marginal Pinheiros: fechada desde março devido à pandemia
Ponte da Laguna: travessia para ciclistas e pedestres
Patinete ao entardecer na Ponte Estaiada

* Crédito das fotos: Carlos Alkmin

Glossário:

  • Ciclovia: pista de uso exclusivo de bicicletas e outros ciclos, com segregação física do tráfego comum.
  • Ciclofaixa: parte da pista de rolamento, calçada ou canteiro destinada à circulação exclusiva de ciclos, delimitada por sinalização específica.
  • Calçada Compartilhada: espaço sobre a calçada ou canteiro central, destinado ao uso simultâneo de pedestres, cadeirantes e ciclistas montados, com prioridade do pedestre, desde que devidamente sinalizado. Esta situação é regulamentada pelo Art. 59 do CTB e só ocorre quando o volume de pedestres é pequeno e a calçada não tem largura suficiente para acomodar uma ciclovia ou uma ciclofaixa.
  • Ciclorrota ou Rota de Bicicleta: via com velocidade máxima reduzida, características de volume de tráfego baixo e com sinalização específica, indicando o compartilhamento do espaço viário entre veículos motorizados e bicicletas, criando condições favoráveis para sua circulação, interligando ciclovias, ciclofaixas e pontos de interesse.
  • Ciclofaixa Operacional de Lazer: faixa de tráfego situada junto ao canteiro central, ou à esquerda da via,  totalmente segregada do tráfego lindeiro por elementos de canalização como cones, supercones ou cavaletes, dotada de sinalização vertical e horizontal regulamentando o seu uso, com funcionamento aos domingos e feriados nacionais, das 7h às 16h.

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